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TEXTO DE ORIENTAÇÃO
PERGUNTA INFAMILIAR
Extraio do Seminário Mais, ainda: “Há um gozo dela sobre o qual talvez ela mesma não saiba nada a não ser que o experimenta – isto ela sabe. Ela sabe disso, certamente, quando isso acontece. Isso não ocorre a elas todas.”
Frase essa com a qual pretendo acompanhar nosso próximo XXIII Encontro Brasileiro, na perspectiva do impossível de dizer e o gozo que se experimenta.
Seria o familiar, quando tomado dentro de uma ordem fálica, uma das formas de apagar o gozo feminino?
Ao oferecer a uma mulher a centralidade da vida na estrutura familiar, as católicas conservadoras propõem uma tradução do feminino, colocá-lo dentro de um comportamento cristão: mãe/esposa.
Como escutar, na clínica, o que do feminino está em jogo em cada caso, sem a métrica normativa?
Que nosso Encontro possibilite um passo…a mais em outra direção.
No Seminário 20, Lacan nos propõe que o gozo feminino é o paradigma do gozo propriamente dito. O gozo feminino, ligado ao infantil, aquém do recalque, não é regulado pela máquina edípica, é inextinguível e intraduzível, mas não é sinônimo de infamiliar. O infamiliar também não é sinônimo de angústia, nem do real sem sentido que ex-siste.
Familiar/infamiliar, consciente/inconsciente, o In nos dá conta da negação, um jogo de “é”, “não é”; “está”, “não está”; “sou eu”, “não sou eu”.
Ao que responde o que se manifesta como intraduzível? Como saber se o que está em questão é da ordem do gozo, do objeto ou do sujeito dividido, como Freud em sua experiência na cabine do trem? Em termos borromeanos – RSI em interseção com objeto a no centro – como localizar o infamiliar?